quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Faca de dois gumes

A dois passos de me esgueirar em uma faca de dois gumes vejo a esperança se esvair pelos olhos do desespero. Clamo misericórdia e dobro os joelhos em lama de lágrimas, escrevo por "hobbie" e para descarregar uma tensão interminável.
É um passo a frente e sentirei a lamina ser guardada em meu coração e um passo a trás para sentir a faca rasgar meu pulmão e tirar meu ar.
Três vidas se envolvem em uma história real de agonia e futuro incerto, mas me responda:
- Qual futuro é tão certo quanto a morte?
Nada passa além de suposições e desejos muitas vezes não degustados.
Vejo suas mãos tremerem e seus lábios balbuciarem um pedido de resposta para questões complexas de perguntas cheias de medo e indecisão. Sua pele contra a minha em uma sede de que tudo seja resolvido o mais rápido possível.
Nos altos da minha sanidade conturba pela angustia de te ver sofrer, encaro de olhos e mente limpa a muralha que for necessária para ver felicidade emergir dos seus olhos.
Quero ver sua pele morena brilhar sobre o sol desse país de mentes confusas que não aceitam a sua liberdade de ser.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Face

É com a face contra parede que sinto o desafio da vida transparecer no rosto através do sangue cálido que é expulso por essa ferida recém aberta. Sua mão segura em minha cabeça aperta a maça do rosto nessa geladeira branca.
Sempre grato por toda a divindade existente em minha vida, não entendo a razão de tanta atribulação, aqui dentro sinto tudo ser rasgado e triturado em um liquidificador e mesmo assim me mantenho firme.
É com a face contra a parede que percebo o quão orgulhoso e egoísta nos agimos em momentos de ameaça. Pudera, o amor próprio está na lista dos amores importantes a serem priorizados.
Com as mãos empurro e descolo a face e dirijo meus pensamento a uma positiva saída. Percebe como é imensurável o prazer de saber que não estamos sozinhos? Digo, não é só o fato da existência de algo maior que nós, simples mortais, mas também da existência de outro simples mortal criando e construindo algo ao seu lado que não seja uma parede.
Em poucos anos de experiência vejo a importância de se valorizar determinadas atitudes ou até mesmo o silêncio eloquente que podemos e que alguns o fazem com muita destreza.
Seguro de mim vejo meus passos fixarem no chão e perder a mágica do sonhar, não por querer e sim por necessidade. Guardo em uma caixa os sonhos e reabrirei como uma de pandora daqui algum tempo e talvez eu sinta essa magia me contaminar.
As feridas se fecham e espero poder dizer que meus olhos continuaram firmes sobre os seus. Caso não estejam, não me culpe.

domingo, 28 de novembro de 2010

Sinto

Vejo nossos laços desatando nó a nó, laços desafiados pelo tempo e seguros com uma força incomum. Lembro de me ver vestindo aquele uniforme verde e te ver linda andando pelo pátio e desde então te desejar como companheira. Fiz promessas e pedidos a Deus acreditando que poderias compartilhar de uma vida comigo e mau sabia eu, que chegaríamos aqui. Bom, dedico a você as próximas palavras.


Sinto tanto,
sinto você em meus braços recusando-se a me beijar,
sinto que seus passos vão além do pranto,
e sinto seu medo de se machucar.
Sinto seus olhos fugindo dos meus,
sinto seu sangue ferver.
Sinto, sinto, sinto...
Me sinto chateado por mais um momento te ver recuar,
te sinto querendo me amar, mas com um medo de mais uma vez ter que se fechar.
E para mais uma vez rimar, talvez eu nem sinta o ar.
Sinto sua falta ao lembrar que noite passada não estivemos juntos,
sinto por não poder ir te buscar.
Não cansado do que sinto, vou continuar te sentindo até o momento que tudo isso passe. E quando passar? Passou! Vou sentir mais!
Não cansado de te sentir, vou continuar te desejando.
Mesmo cansado de não poder te proporcionar mais que o sentir, vou me permitir acreditar que podemos continuar...


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Só hoje...

Hoje as gerberas não desabrocharam no nosso jardim,
hoje o sol se escondeu por de trás das nuvens,
as gotas escorreram pelas macias curvas de algodão,
molharam o chão e desenfreou um cheiro característico de terra molhada.
Hoje, nossas orquídeas ficaram com as cores opacas e me expulsaram do recinto.
Só hoje...
Amanhã eu sei que sol não ficará por de trás das nuvens,
o desabrochar das gerberas será eminente,
as orquídeas vão sorrir e nos convidar a entrar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um homem errado.

Foi tão intenso que minhas palavras se embolaram no meio de uma falta de razão, acordei de olhos virados e um coração acelerado. As lembranças recentes me dizem o quanto é vergonhoso habitar nessa carne tremula de um coração disparado e apertado. Ao ver aqueles olhos que repousam sobre os meus produzirem lágrimas de tensão me senti um ser humano pior do que já sou e naquele momento percebi que deixei toda sensibilidade que acreditei ter, escorrer pelo ralo junto com o meu orgulho e os outras sentimentos egoístas.

"Os questionamentos são frequentes em minha mente e não duvido que na sua também não sejam mas hoje não quero saber se tenho dúvidas ou perguntas a te fazer, só quero saber se você está bem."

Abro mão de um prazer para que a razão não seja jogada no lixo, abro mão para não te cravejar de palavras desagradáveis e criar momentos de uma solidão de quatro paredes e uma noite mau dormida.
Não quero justificar muito menos conduzir as atitudes para um livramento por um estado de embreaguez, mas diante desse fator muitas palavras foram lançadas e nelas as cargas emocionais foram juntas em um momento completamente errado. E se você puder, desconsidere tais palavras ditas.

Baixo minha cabeça e nada mais digo,
baixo meus olhos e escondo a cabeça em um buraco,
então quando começar a falar escutarei atentamente e com olhos repousarei sobre os seus.
Acatarei, sim!
Sim, acatarei!


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu sou outro!

Não me sinto bem!
Não me sinto bem!
Por te fazer mau não me sinto bem.
Egoísta!
Egoísta!
Egoísta é palavra que uso para a minha atitude.
Por falta de controle mais uma vez coloco tudo a perder.
Não te procuro hoje e talvez não te procure amanhã. Por excesso de vergonha e não por orgulho ferido.
Eu não sou assim...
Eu não sou assim...
Eu sou outro!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Deixa eu te contar...

Deixa eu te contar como funciona esse tal "frisson".
São aqueles lábios que tremem ao te dizer algo importante, é aquele coração que bate tão rápido que se escuta a cem metros de distância do peito.
Atento aos seus olhares cheio de charme sinto uma intensa sintonia entre nossos pensamentos.
É um "frisson" esse seu sorriso dilacerando o meu corpo diante de tantas lambranças de ontem, hoje e amanhã. Aquelas mordidas em meu lábio enquanto experimentava seu gosto que não irei esquecer.
Chega mais perto e deixa eu te contar até onde quero ir com você, segura minha mão e sinta todo esse calor que emanamos com nossos corpos juntos.
Chega mais perto e deixa eu te contar quais são os olhos que eu vejo sempre que os meus se fecham. Repouse sua cabeça em meu peito e respire junto comigo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um Filme ... Parte Final

Já havia duas semanas que eu me alimentava daquelas flores do campo e na manhã de uma segunda feira quente e insuportávelmente interminável esperei que ela saísse para comprar os mantimentos na venda do Sr. Ramirez, fiz minha malas e deixei um bilhete a ela, o que dizia o bilhete não importava, mas foi desesperador deixa-la e necessariamente importante me desapegar dela.
Fui ao galpão que tinha atrás da casa, meu velho Mustang me esperava com seu motor possante, pintura preta e bancos de couro. Abri o porta mala para verificar o que tinha lá e encontrei a minha velha guitarra dentro do "hard case" cheio de adesivos das cidades que passei, guardei meus pertences junto com guitarra e o amplificador peguei a chave do carro no chaveiro que ficava a cima da bancada de ferramentas, sentei ao volante, liguei o carro e sai.
O caminho era longo e os dias seriam longos também, foi o que pensei quando estava pegando a estrada de terra que fazia a ligação do asfalto quente com minha casa. Antes mesmo que eu chegasse a cidade cruzei com ela no caminho, os carros em movimento ainda e os olhos se chocaram de tal forma que os lábios mal conseguiam dizer poucas palavras. Ela sabia que eu não mais voltaria a ser quem eu era e também não voltaria para casa por alguns bons meses e talvez anos.
Por dias eu viajei pensando nela, toquei em alguns bares por míseros trocados e até mesmo por uma refeição, dormi em hotéis de bera de estrada e me deparei com situações de perigo que só uma força maior poderia ter me protegido, mas nenhuma dessas situações foi desesperadora como aqui eu fiquei com o cano de uma pistola calibre 38 encostado na minha testa, aquele italiano filho da puta que disse que era minha vez de morrer, minha sorte foi de estarmos na beira da estrada e na hora o empurrei para o meio da pista quando um caminhão passava, havia tanto sangue que resolvi voltar para casa e nunca mais ter que passar por esse tipo de situação. Eu já havia chegado no outro extremo do país e vi que era hora de voltar, foram dois anos, três meses, cinco dias e dez horas de viagem até eu perceber que tinha que voltar.
Cheguei ao meu rancho, era primavera e as flores do campos que rodeavam a estradinha, a casa ainda estava lá, me esperando e eu nem sabia se estava habitada ainda. A porta da frente estava aberta e um cheiro de café passado na hora estava no ar, ela me olhou e perguntou porque eu demorei tanto para comprar meus cigarros. Fiquei sem reação naquele momento, pois eu estava sendo tratado como rei e passava por minha mente o fato de que ela poderia lembrado que ela me fez esperar oito anos até que nossos caminhos nos cruzassem novamente.
Ela não reclamou e não disse nada sobre o que aconteceu, me tratou livre de qualquer magoa e assim seguiram os anos até termos filhos e fazermos daquela casa um grande celerio de artistas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um Filme... Parte IV

Acordei com os sentidos mais apurados hoje e vi o quanto aqueles cigarros que não fumo mais me fazem falta. Deixei de fumar por sentir o coração parando e o pulmão pedindo calma. Aquele bilhete com leves amassados ainda repousava em minha mão, suavemente o levei até o travesseiro em que ela deitou e ainda descansava sob o lado em que ela não sentou ao escrever tais palavras que ainda reverberavam em minha cabeça como se tivesse sido falado em voz alta e não em palavras escritas. Me levantei e me dirigi as escadas, as desci calmamente ao som de panelas batendo e um cheiro de queijo quente com tomates verdes fritos, me deparei com aquela bela mulher em trajes menores, uma camisa xadrez com 2 botões abotoados, pés descalços e os cabelos presos. Por cinco curtos minutos fiquei em pé observando como ela ainda se perdia naquela pequena cozinha de panelas gigantes. Bom dia! Foram as duas únicas palavras que eu conseguiria dizer naquele momento, ela me respondeu com aquela voz doce e suave, olhos brilhantes e uma expressão de susto por não saber que eu a observava, me mandou sentar a mesa que o meu café da manhã já estava prestes a sair.
Lembro de ter guardado dentro da bota brincos com lindas e brilhantes pedras de diamante, mas não sabia que minhas botas seriam roubadas logo por ela que iria ser presentiada com os brincos.
Durante o café da manhã ela sorria como se tivesse algo a me dizer, então perguntei a ela o motivo do sorriso largo. Uma resposta breve veio em suas mãos, os brincos!
Ao terminarmos o café, aqueles convidativos lábios me prendiam a atenção e magnéticamente chamaram os meus. Interrompido a mordidas, ela perguntou se poderia tomar um banho e descansar um pouco no lado dela da cama, responde que sim por saber que é sensacional tê-la novamente por perto.
Os passos foram fortes ao subir aquelas escadas, escutei a porta sendo fechada e o chuveiro ligado.
Passei por aquela porta de cedro e fui aos campos que estavam do lado o oposto das janelas de onde ela estava, busquei as mais lindas lavandas e daffodils e as coloquei em um jarro ao lado da cama...


(continua...)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um Filme... Parte III

Andei pela cidade a procura das pegadas daquela bota e não percebi que deixei minhas pegadas descalças por todos os lugares que passei. Em vinte e três dias de uma grande procura e sem ao menos dormir, meus pés sangravam e as pegadas ficaram vermelhas.
Não desisti de procurar, entre tudo meu corpo já não aguentava tal peregrinação diária, voltei a minha casa e percebi que tinha algo errado, tinha pegadas vermelhas no chão e não me lembrava de ter voltado em casa, a grande porta de cedro estava aberta e habia um bilhete em cima da mesa. Eu estava tão cansado que apenas o peguei e levei para o quarto de janelas grandes, tomei meu banho e lavei meus pés, deitei na cama de lençóis brancos e tomei coragem para ler.

O bilhete:

Querido,

Passei aqui e você não estava, estou escrevendo esse bilhete sentada na cama do lado em que você dorme, senti aquela meia luz da última noite em que estivemos juntos e o cheiro do seu perfume que ficou em minhas roupas.
O que eu quero te dizer é que não sou sua mas te pertenço, que todas aquelas palavras proferidas a mim quando estavamos juntos entraram e ficaram guardadas. Não vim para te usar e nem para te magoar, roubei suas botas por que são elas que protegem meus pés de sangrar como sangrou todas as outras vezes. Saiba, não confiarei de imediato em tudo que disser, deixar as águas desse lago refletir os meus interesses será a única alternativa que aparente em meus olhos castanhos e carrego todos aqueles presentes que você me deu em um nó de garganta.
Quando ouvir minha voz deixe que ela soe pelas paredes desse imenso casarão e não me procure como se eu fosse única, mas me sinta como se eu fosse única e como se não houvesse mais nada de importante além da nossa música.
Vou dançar para você até que meus pés flutuem, vou deixar que me toque e sinta que também há sangue pulsante em veias de ser humano. Confesso que um dia ficarei exausta da estrada, mas não é certo que será em seus braços que descansarei.
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Fechei os olhos e dormi sobre aqueles lençóis brancos e com o bilhete na mão...





(continua)

domingo, 22 de agosto de 2010

Um Filme... Parte II

Naquela tarde eu acreditaria em qualquer ruído que o sol pudesse produzir ao alcançar o horizonte. Na minha memória ficara gravado a marca daqueles pés em direção a estrada e, enquanto minha mente reverberava, eu a tinha em meus lençóis com aquelas curvas majestosas a me enlouquecer. Escutávamos as músicas de Joan Baez reproduzidas por aquele tocador de vinil antigo do meu bisavô. Músicas que realmente nos tentava a beber um ao
outro. Era de um vinho com sangue e maneiras que não passavam despercebidas ao roubar a taça. Após horas aos carinhos, ela se levantou e disse que mais nada teria a fazer por mim e que era necessário pegar a estrada. Ela vestiu o jeans velho e surrado, calçou aquelas botas roubadas e vestiu a camisa que eu nem mais reconhecia. Se virou e perguntou se eu poderia leva-la a porta. No momento eu desejei que ela ficasse e tomasse o café da manhã, já que o sol se mostrava novamente em uma das horas mais bonitas do dia, mas nada tinha a falar, eu sabia que o caminho dela talvez pudesse ser tão longo quanto o meu. Me levantei ainda nú de toda aquela situação e a levei até a porta.
Duas coisas aconteceram naquele momento: percebi que ela poderia ter ido embora sem me avisar enquanto eu dormia levemente nos lençóis, e que aquela marca de pés descalços na terra era minha. Corri ao quarto vazio e procurei aquele velho fundo falso no piso e, em busca de respostas, achei canivetes, cordas e balas - E lá estavam as cartas
guardadas do mesmo jeito que eu as deixei.
Foi então que percebi que aquelas cartas que ela exibiu não eram as minhas e sim, as dela.

(continua...)

Um Filme...

Ela escuta minha banda preferida e gosta de vinil, deixei meus discos na cabeceira e ela me roubou todos, pegou minhas botas e minha camisa xadrez, entrou no carro e deu a partida no motor. Por alguns segundos acreditei que ela iria embora e deixei que tudo queimasse no fogão ao esperá-la naquela porta de cedro com detalhes de dedos sujos de chocolate. Apaguei meus cigarros de filtro vermelho e acendi uma bala de menta, sentei na escada de frente para o sol exatamente no momento do dia que posso vê-lo ir embora.
Quando vi aquelas marcas de pés descalços na terra percebi o quão longe estava a estrada dos meus olhos. Do asfalto quente ela veio, com minhas botas nos pés sutilmente desdobrou aquelas antigas cartas que descobriu em um fundo falso no chão do quarto vazio, cartas que um dia escrevi quando éramos pequenos demais pra entender essa tal imensidão das palavras até os dias atuais, rigorosamente uma carta por semana. Oitocentos e sessenta e quatro resumos de quais foram os sentidos que minha vida rumou através de todo aquele tempo sem ter.
Veio em minha direção, arrancou minhas roupas, pulou em meus braços e disse tudo que eu queria escutar. Ela nunca me disse nada sobre o seu coração, mas sempre me veio com um sorriso grande no rosto e de olhos brilhantes, me transformando em único e fazendo do momento o melhor de todos já vivido...


(continua...)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ela

Não desisto e não me mostro mais,
digo que sim e talvez um não,
me entrego cheio e te desejo igual,
desato um nó de garganta e blindo meus olhos para te dizer tudo isso.
É um feliz contente de contato constante,
com a ressalva de desapego e segurança,
abro as mãos e te recebo assim, como tú és.
Não mentirei que sou seu, mas direi a verdade que ainda sinto que não és minha,
e a medida de tal concentração pulsante,
me enfureci por saber que sou tão entregue,
e te ver tão calma e centrada nos seus objetivos.

Aqueles bons anos eu viveria,
faria um filme onde nós somos os protagonistas,
com uma trilha sonora do "mal",
uma decoração de sapatilhas e guitarras elétricas.
Uma cama macia para deitar e alguns passaportes,
e assim, deixaria que o vento nos carrega-se até os topos de montanhas brancas, verdes, azuis, marrom e toda as nuances vermelhas!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Paula, A "puta"

Por que a necessidade de dizer eu te amo vem de dentro do estômago?
Como se fosse algo a ser vomitado com carinho.
Porque a não correspondência desse tal amor é engolido como ácido?
Correndo a fala e derretendo a segurança.
Por que não é fácil para as pessoas serem companheiras umas com as outras?
Onde você pergunta ao acordar: Bom dia! Como vai?!
ou ao final do expediente: Como foi o seu dia?
Puta paulada pertinente permite persistir proposital putaria.
Que merda! Amar não é díficil!
Basta cuidar e permitir ser cuidado,
é atender e deixar ser atendido.
Alô? Quem fala?
Paula Pinheiro Puyol, puta por preferencia, parte poeira, parte propriedade.




(É tosco mesmo!!!)

sábado, 24 de julho de 2010

Réu

Juro que não prometo a mais,
prometo que direi a verdade,
mentirei se me perguntar se fui sincero,
omitirei com voz de juiz.
Seria eu o réu do seu julgamento?
Propriedades vazias de silêncio,
agudos, graves, importunos e atravessados olhares,
mãos cálidas esquentam a face com soberba crueldade,
vícios alargam bocas e diminuem suas vontades.
Do que adiantaria deixar tudo que conheço e não ser o que sou?
De tal brutalidade me sirvo todas as manhãs,
feridas constantes sangram como se nunca fossem fechar,
descançar os pés em uma pedra escutando a água descer por ela,
foi uma alusão do que acreditei que poderia viver
e mesmo assim sou o réu do seu julgamento.
Bebo do seu vinho e toco sua música no meu rádio,
desligo o mundo e crio um universo onde nós dois somos dois.
Sei que a conheço aqui dentro de mim,
suas poucas palavras e suas inúmeras expressões me livraram de tal dúvida,
permitir sentir ávido desejo,
engrossar a voz e gritar tais loucuras,
silenciar com os gestos,
escrever em um tronco um laço grosseiramente majestoso.
Geniais giros na ponta dos pés,
leves são os dedos ao se tocarem acima da cabeça,
um cheiro doce paira no ar
e me embreago com tal perfume.
Talvez me veja chegando com minhas botas sujas e minha camisa xadrez
ou talvez me veja ir descalço e de camiseta vermelha,
as palavras não vão deixar de ser apenas palavras,
mas sempre estarão marcadas com a obediência de algo pulsante.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pele

Arranco minha pele,
me calo pra que não me ouça,
desfiguro meu rosto,
corto meus dedos fora,
tiro todos os pelos do corpo,
mudo de sangue,
mudo de vida,
mudo de cidade,
mudo de país e de mundo.
Tudo para que você não mais me reconheça,
tudo para que você não mais saiba quem sou.
Conto que não mais me encontre ou me esqueça,
não procuro o céu para não te encontrar refletida na lua
me visto de preto para caminhar pelas sombras sem ser visto.
Mas quando voltar,
terei pele nova e voz de veludo,
sangue novo e olhos só seu,
dedos onde o compromisso será seu e todo musical,
não mais mudarei de cidade, país ou mundo
viverei ao seu lado sem pestanejar
de cabelos longos, sorriso forte e palavras completas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Amante / Chama

Amante

Me reserve duas linhas do seu tempo.
Vou escrever a nossa história e na segunda linha vou corrigir os erros.
Não vou deixar de dizer como seria bom ser seu amigo,
mas vou corrigir dizendo que seria bem melhor ser seu amante.
Nas manhãs de primavera onde a vida se mostra presente, vou lembrar dos seus olhos me desejando.
Nas tardes de outono quero sentir o calor do seu corpo através dos raios do sol e pela noite vou deixar que a lua me ilumine seus passos.
Então quando estiver em meus braços no dia seguinte de inverno, não precisarei me preocupar com o tempo.

Chama

Em seus abraços vive o meu amor,
além da curva dos seus seios morre meus desejos,
meus lábios em seus lábios úmidos,
minhas mãos em suas pernas de pelos arrepiados e todo esse calor que acende a chama de carinhos intermináveis.
Deslizo meu rosto do teu ventre até que meus olhos alcance os teus,
faço de um simples olhar o conexão de um eterno momento
e sem palavras minhas mãos dizem o quanto você é linda e o quanto reina em mim.