domingo, 22 de agosto de 2010

Um Filme... Parte II

Naquela tarde eu acreditaria em qualquer ruído que o sol pudesse produzir ao alcançar o horizonte. Na minha memória ficara gravado a marca daqueles pés em direção a estrada e, enquanto minha mente reverberava, eu a tinha em meus lençóis com aquelas curvas majestosas a me enlouquecer. Escutávamos as músicas de Joan Baez reproduzidas por aquele tocador de vinil antigo do meu bisavô. Músicas que realmente nos tentava a beber um ao
outro. Era de um vinho com sangue e maneiras que não passavam despercebidas ao roubar a taça. Após horas aos carinhos, ela se levantou e disse que mais nada teria a fazer por mim e que era necessário pegar a estrada. Ela vestiu o jeans velho e surrado, calçou aquelas botas roubadas e vestiu a camisa que eu nem mais reconhecia. Se virou e perguntou se eu poderia leva-la a porta. No momento eu desejei que ela ficasse e tomasse o café da manhã, já que o sol se mostrava novamente em uma das horas mais bonitas do dia, mas nada tinha a falar, eu sabia que o caminho dela talvez pudesse ser tão longo quanto o meu. Me levantei ainda nú de toda aquela situação e a levei até a porta.
Duas coisas aconteceram naquele momento: percebi que ela poderia ter ido embora sem me avisar enquanto eu dormia levemente nos lençóis, e que aquela marca de pés descalços na terra era minha. Corri ao quarto vazio e procurei aquele velho fundo falso no piso e, em busca de respostas, achei canivetes, cordas e balas - E lá estavam as cartas
guardadas do mesmo jeito que eu as deixei.
Foi então que percebi que aquelas cartas que ela exibiu não eram as minhas e sim, as dela.

(continua...)